domingo, outubro 07, 2012

Leituras de Verão e do breve Outono


Durante o Verão, os areais de Moledo assemelham-se – já o referi nestas crónicas há uns anos – a uma assembleia magna da Academia Nobel. É um momento de felicidade verificar que a competição entre páginas de papel e grãos de areia permanece inalterada desde há anos; os romances de praia deviam ser classificados como a categoria de monumento nacional no seu conjunto, independentemente da sua qualidade ou da forma como são lidos. Há, aqui, duas opiniões distintas: a minha sobrinha Maria Luísa insiste em que as dunas de Moledo, a coberto da ventania, são recantos prodigiosos que poderiam ser patrocinados por qualquer biblioteca; a Dra. Celina, a nossa bibliotecária de Caminha, sorri à ideia porque não se imagina a distribuir cotas de livros a leitores renitentes que os manchariam de bronzeador ou lhes surripiariam as páginas.

O velho Doutor Homem, meu pai, não era um curioso da genealogia mas apreciava, como todos os Homem, momentos de maledicência. Recordo-o sentado na sua cadeira de praia, debaixo de um toldo de riscas azuis, a ler uma genealogia novecentista em busca das origens de um capitão-mor da Paraíba que casara com uma senhora de Darque, onde vivera nas penumbras da Casa de Bragança, que ali tinha jurisdição. Duvido que a leitura tivesse grande interesse para os seus padrões literários, mas assemelhava-se um pouco às minúcias que ainda hoje se discutem sobre a relação entre Thomas More e Henrique VIII. A questão elucidou-o afinal acerca das origens de um casarão de Santa Cristina de Malta, de onde se via o mar de Vila do Conde – como convinha a um torna-viagem do Pernambuco, onde (no Recife) fora livreiro depois de escolhidos os vencedores da batalha de Guararapes. Ao fim da tarde, munido desse manancial de informações inúteis, o velho Doutor Homem, meu pai, considerava o seu dia bem passado.

Duvido que hoje alguém escolha a ‘Genealogia das Famílias Santomenses’ para apimentar os seus dias de época balnear, a menos que seja amigo do Dr. Jorge Forjaz, que se dedicou ao assunto com bravura. Por agora, os areais despedem-se dos romances de ocasião, lidos durante o Verão. Nestes derradeiros sábados de sol há na praia um resto de vapores literários, como sustenta Maria Luísa; as capas, já gastas, revelam gostos sem pretensão e horas de leitura amena. A brisa do crepúsculo já exige um agasalho e não favorece nem a leitura de jornais nem a erudição do velho Doutor Homem, meu pai. Gosto, nestas ocasiões, de ver passar as bicicletas rente à respiração das ondas. 

in Domingo - Correio da Manhã - 7 Outubro 2012

domingo, setembro 30, 2012

Os guarda-chuvas de Outono


Nenhuma crónica, comentaria o velho Doutor Homem, meu pai, poderia começar com a expressão “a chegada do Outono”. Um mínimo de sentido crítico iria relegá-la para a ordem das redacções da escolaridade obrigatória – que, na época, não existia. Um enorme conjunto de expressões e de metáforas e imagens obrigatórias fez a felicidade da “literatura escolar” (o arvoredo era obrigatoriamente “luxuriante” e o amor fraternal passava sempre por “comovente”), tal como hoje são repetitivas as fórmulas das notícias das televisões. O nosso habitual fornecedor de águas de Melgaço também acha que tem de “implementar” um novo “sistema de distribuição” quando quer dizer, com exactidão, que vai passar a entregar a caixa quinzenal às sextas-feiras em vez de o fazer às terças.

Mas a verdade é que o Outono apareceu de repente. Ao fim de semana, as dunas de Moledo são ainda um lugar de passeio, mas a foz do Minho, à direita, ao longe, assemelha-se aos pequenos estuários enevoados da costa de Biarritz, transformando a nossa província numa réplica do cosmopolitismo romântico do tempo dos meus pais. A minha sobrinha Maria Luísa escolhe as margens do Minho, em Caminha, para marchas matinais entre os amieiros e choupos, ao sábado. Ela julga que os passeios a pé são tónicos para o resto do dia (e mesmo da semana) e eu acompanho-a por vezes, à distância, percorrendo cem metros no mesmo tempo em que ela perfaz, ao cronómetro, um ou dois quilómetros de passo acelerado.

O velho Doutor Homem, meu pai, também acreditava nas virtudes curativas dos passeios a pé, mas vestia-se como um elegante para subir e descer a rua dos Clérigos. A vinda do Outono significava, para aquele bom ‘dandy’ portuense que sonhava viver em Inglaterra, o regresso da roupa de meia estação, um figurino que hoje não existe mas que, na época, significava o uso de colete ou de tweed, e a companhia de um guarda-chuva previdente. Hoje, em vez de mudar de roupa, as pessoas lamentam-se pelas correntes de ar que vagueiam ao longo da costa galega.

A ausência de guarda-chuva é o que distingue este tempo da época em que a meteorologia era tão irregular como a chegada do comboio de Viana. O velho Doutor Homem, meu pai, acreditava que o uso de guarda-chuva era um sinal de resignação diante das imprevisibilidade dos Elementos (que passavam por um período de descoordenação durante as primeiras semanas de Outono) e uma tentativa de desacreditar injustamente o Dr. Anthímio de Azevedo que, na televisão, anunciava ‘o tempo’ para o dia seguinte. 

in Domingo - Correio da Manhã - 30 Setembro 2012

domingo, setembro 23, 2012

Lições básicas de economia política


O velho Doutor Homem, meu pai, passou a maior parte da sua vida a tratar de segredos de direito bancário, uma especialidade pouco romântica, pouco popular e nada literária. Eu, seu filho mais velho, segui as suas pisadas por preguiça – na época, o sistema bancário tinha alguma coisa do século XIX, e os seus escritórios e dependências albergavam retratos de gente ilustre que o tinha inaugurado.

O que acontece, pelas minhas memórias – e pelas que roubei ao velho Doutor Homem, meu pai –, é que desde meados do século XIX Portugal pouco mudou. Tentei explicar à minha sobrinha Maria Luísa que devia ler Oliveira Martins com o argumento de que o seu ‘Portugal Contemporâneo’ era uma novidade editorial de fôlego. Ela compreendeu a ironia: o país já não era uma terra de velhos e austeros comerciantes ou prestamistas, mas continuava a ser administrado pelos herdeiros do Constitucionalismo que ganharam dinheiro com as obras públicas de Fontes Pereira de Melo, que ganharam dinheiro com o comércio de víveres e de influência durante a República, que ganharam dinheiro com o regime do dr. Salazar e que, finalmente, retomaram os seus direitos históricos com a democracia de hoje. Esta visão, simples e injusta, merece-lhe aplauso. Por instantes viu-me com um votante potencial do Bloco de Esquerda, preparado para aclamar o casamento entre cavalheiros para fumar haxixe nas dunas ao fundo dos pinhais de Moledo.
Remediado e manhoso, tanto como ignorante e vaidoso, o Portugal do Constitucionalismo prolongou-se até hoje. A Tia Benedita, a matriarca miguelista da família, que não estudou economia nem chegou a conhecer o FMI, percebeu que ao velho regime dos seus avós se tinha sucedido um casamento de conveniência entre os negócios do Estado e os dos prestamistas e negociantes, o que garantiria uma alegre corrupção colectiva – mas sem alma, sem espírito e sem travão a emprestar-lhe alguma decência.

Os Homem de várias gerações compreenderam esta arquitectura e viveram nas suas margens, dedicados a sobreviver e a cuidar do colesterol alto, mal ele foi inventado. Pertenciam a outro mundo. Ganhavam a vida, guardavam os retratos e mantiveram reunidas as peças de Companhia da Índias no velho casarão de Ponte de Lima. Mas não confiavam. Maria Luísa, a esquerdista da família, vê nisto um sinal de honradez delicada. Não é bem isso; é, muito mais, o pessimismo ardente de uma família de derrotados que vê o seu país entregue a comerciantes dos sertões. Não é tão nobre, evidentemente, mas serve para dizer que já contávamos com esta gente.

in Domingo - Correio da Manhã - 23 Setembro 2012

domingo, setembro 16, 2012

Uma solução: proibir os adjectivos


O país, pequeno e desajeitado, nunca teve permissão para solucionar as suas crises financeiras, limitando-se a sofrer as consequências ou da sua irrisão ou do seu descuido. Ao folhear os jornais de outros tempos aflige-me o mesmo conjunto de patetices que me ocuparam em outros anos e em outros séculos – partindo do princípio de que atravessei dois séculos, pelo menos, e de que conservo uma boa biblioteca sobre a primeira metade do século XIX. O problema principal é a falta de dinheiro. Qualquer benevolente e paciente leitor destas crónicas compreende que não se ministram aqui lições de economia – e que a própria economia sai maltratada deste eremitério de Moledo, de braço dado com a astrologia, de quem a suponho irmã.

Acontece que falta dinheiro e que o dinheiro provém da actividade económica que nós não temos. O desastre é antigo. O velho Doutor Homem, meu pai, propôs várias vezes que se levasse o Constitucionalismo a tribunal, arrastando consigo as burguesias que viveram à conta do Estado e dos seus favores; mas eram coisas de um teimoso. País pequeno e desajeitado, gastador do que nunca teve, nem as burguesias aproveitaram a luz das nossas grinaldas (para a colocarem a render), nem os heróis de antanho se serviram do engenho das nossas burguesias para dar descanso aos cabedais que não tinham. Este divórcio foi-nos fatal.

A minha sobrinha acha que sou arrevesado nesta matéria e que mais vale dizer que o país não tem solução. Não é totalmente verdade; apenas em parte. Da falta de dinheiro provêm quase todos os nossos males; e os restantes resultam da arrogância dos herdeiros do vintismo e das revoluções de juristas, incluindo a República. Ao vê-los falar na televisão, no intervalo das telenovelas de Dona Elaine (a governanta e guardiã de Moledo), pergunto-me de onde lhes vem tanto conhecimento sobre a arte de criar riqueza onde não há trabalho, invenção, loucura, aforro e sensatez – tudo ao mesmo tempo, porque tudo é necessário para manter um país decente.

Mas falta-nos decência. Mais de metade do país, dizem-me os meus sobrinhos, vive a dar ideias no Facebook em vez de vendê-las a quem as achar genuinamente úteis ou aproveitáveis para benefício das nossas províncias. Não me parece que o consigam. O velho Doutor Homem, meu pai, gostaria de ser ministro durante uma semana para impor a proibição de usar adjectivos durante certa temporada. Ao ver o que dizem os herdeiros do constitucionalismo e da República, isso providenciava-nos alguma presciência e melhorava a nossa saúde mental.

in Domingo - Correio da Manhã - 16 Setembro 2012

domingo, setembro 09, 2012

Como a idade passa por nós


Não há grande metafísica nisto. Simplesmente, envelhece-se porque se envelhece; ficamos mais velhos porque ficamos mais velhos. E creio, ainda hoje, que é a única grande sabedoria que vale a pena destacar – aprender a ficar velho, aprender a envelhecer, aprender a aceitar a “vinda da idade”.

O assunto, expliquei já ao leitor, não me mobilizou para lá do aceitável. Na família, sempre se pensou que eu nascera já com uma idade aceitável, preparado para encarar a passagem dos anos com a tranquilidade de um homem maduro que ultrapassou a adolescência sem desejar pôr bombas na rua ou experimentar drogas em Katmandu (falo por ouvir dizer). Não é totalmente verdade: houve sempre um pouco de preguiça a ajudar; e de conformismo, naturalmente. No meu tempo de adolescente deveria, portanto (recordo a sugestão atrasada da minha sobrinha Maria Luísa), ter-me contentado em permanecer naquele estádio puramente animal, praticando râguebi e vigiando as belas de então, que alegravam o limbo de qualquer jovem candidato a um casamento mediano. Não casei. Não envelheci no meio de ruído nem de alegrias familiares. Não constituí, como diz a Pátria inteira, uma família.

O mundo de hoje valoriza a adolescência exactamente pelos mesmos motivos que me levam a colocá-la no seu lugar, apenas no seu lugar, arrumada entre os livros de Walter Scott e os álbuns das primeiras viagens a Espanha. Não vejo que felicidade possa existir da visão de um pobre ser de quinze ou dezasseis anos, condenado a mudanças genéticas e fisiológicas ou a erros fatais de gosto e de penteado. Portanto, não aprendi propriamente a envelhecer, mas a verificar a passagem do tempo, descendo com ele (ou subindo) os degraus da idade, sem dramas nem ilusões românticas. O mundo – isto tudo – mudou muito nos últimos anos e, por vezes, eu sinto-me um plácido reservatório de antiguidades, ou mesmo de velharias. Há, como se sabe, uma diferença entre as duas coisas. Eu fico entre ambas, creio que pairando, aproveitando a vaidade que a velhice não torna escandalosa mas que o bom senso não recomenda – por não ser boa para a saúde.

Também não tenho uma visão romântica sobre a velhice nem sobre o envelhecimento. Somos muitos, demasiados – os velhos. Os meus irmãos explicam-me que isso constitui um desastre para as contas do Estado, para o futuro da pátria e para o bem-estar dos vindouros. Tento dizer-lhes que isso se deve ao mito da eterna juventude muito em voga hoje em dia: pessoas que querem continuar jovens, temendo o envelhecimento. 

in Domingo - Correio da Manhã - 9 Setembro 2012

domingo, setembro 02, 2012

A nova insónia dos portugueses


Dona Elaine, a governanta deste eremitério, é a mais frequente utilizadora do aparelho de televisão que foi actualizado no ano passado, depois de muita insistência de parte dos meus sobrinhos. Eles acham que um velho conservador deve actualizar-se em matéria de tecnologia mesmo que a não use, pela simples razão de ser visitado, durante o Verão, por uma horda de sobrinhos que bivacam na casa de Moledo como supõem que Lawrence da Arábia se instalava nos declives do deserto. A única diferença em relação a um acampamento no deserto é que, além da areia (que só existe dos pinhais para baixo, na direcção do mar), eles assistem a vários programas de televisão que desconheço mas que, na generalidade, começam por volta da meia-noite, hora a que, em geral, já não estou acordado.

A minha vida começa cedo, a tempo de tomar o pequeno-almoço na cozinha e antes de a neblina de Moledo levantar. Por vezes, Dona Elaine tem o aparelho de televisão ligado a essa hora e eu surpreendo-me porque, no dizer dos meus sobrinhos, continuo a pensar que as emissões abrem ligeiramente ao fim da tarde e terminam com o hino nacional. Acontece que, para um velho que atravessou sofrivelmente o século passado e está inexplicavelmente vivo neste, a televisão está ligada ao que antigamente se chamava ‘serão’. Viam-se as notícias (que eram bem lidas, mesmo que maçadoras), tomava-se boa nota das observações do Dr. Anthímio de Azevedo sobre meteorologia – e o resto do tempo televisivo era ocupado com programas geralmente desinteressantes, salvo quando se inventou o ‘Zip Zip’ (que provocou no velho Doutor Homem, meu pai, um acesso de esquerdismo debelado meses depois) ou uma coisa chamada ‘selecção nacional’ jogava futebol. No entanto, a misantropia dos Homem não chegou ao ponto de desconhecer, ao longo dos tempos, toda a miséria que acontecia na pantalha do televisor que era substituído todas as décadas, suponho.

As telenovelas portuguesas, no entanto, inquietam-me bastante. Dona Elaine não perde uma e conhece os nomes das personagens como o Tio Alberto conhecia os apelidos dos cantores de ópera do seu tempo. Eu vejo de vez em quando (de mês a mês) um episódio e toda a gente me parece triste, zangada ou a necessitar de conserto gramatical. Quando vou para o quarto, procurando lembrar-me da passagem do livro que me espera desde a noite anterior, Dona Elaine está ainda acordada e concentrada como se seguisse a vida do Quixote. Dizem-me que os portugueses se deitam mais tarde agora, por causa das novelas. Isto explica muitas coisas.

in Domingo - Correio da Manhã - 2 Setembro 2012

domingo, agosto 26, 2012

Quadro décadas de discrição e mistério


O Tio Alfredo Augusto regressou a Portugal em Setembro de 1970 vindo do Rio de Janeiro. Tinha sessenta e cinco anos e era jovem o suficiente para acreditar que tinha ainda tempo para gozar alguns anos na quinta que comprara nos arredores de Afife, voltada para o mar, protegida por pinheiros e gigantescas sebes centenárias. Vivera a maior parte dos seus quarenta anos brasileiros no Pernambuco – mas, antes de regressar ao Minho, como o faziam os personagens de Camilo, quis passar uma temporada em Copacabana. Não para “gozar a vida” mas para pôr os papéis em ordem. Na verdade, como já expliquei antes ao leitor benevolente, o Tio Alfredo foi o único agricultor da família; isso não fez dele um homem mais pobre ou desconsiderado. Na altura, a cana de açúcar e o café renderam-lhe o suficiente para montar, em Afife, uma espécie de “dependência do sertão”, como pensaria a Tia Benedita, que morrera dois anos antes, em pleno Verão, convencida de que o mundo estaria prestes a acabar, cercado de imoralidade e de bolchevismo.

O Tio Alfredo, pelo contrário, nunca acreditou no fim do mundo propriamente dito; costumava dizer que já o tinha visto nos trópicos: era vasto, quente, pobre, e não era o lugar ideal para envelhecer – razão por que regressou para junto do mar do Minho, acreditando que o seu coração já não sofria das desventuras dos vinte e seis anos, idade em que atravessou o Atlântico em busca de fortuna e de linimento para um desgosto de amor.

O velho Doutor Homem, meu pai, era céptico sobre essa matéria. Ele tinha a certeza de que os desgostos de amor já não existiam naquela época, mas conformou-se com a tradição oral da família, que emprestava ao Tio Alfredo uma espécie de aura literária – e o ligava a um segredo, nunca desfeito, que atravessou quatro décadas de discrição e mistério, coisa só possível nas famílias de antigamente, que (pelo menos em voz alta) ligavam pouco à metafísica e aos amores alheios.

De tempos a tempos, chegavam-lhe pelo correio uns maços do ‘Diário de Pernambuco’; lia-o na varanda, ou junto à lareira, como se acompanhasse os negócios locais do Recife ou apreciasse, de longe, o curso das águas sujas do rio Capibaribe. O seu irmão Alberto, bibliófilo e gastrónomo (a sua maior glória era ter servido sardinhas fritas e ovos com chouriço a D. Ramón Otero Pedrayo, o magnífico autor de ‘El mesón de los Ermos’) de São Pedro d’Arcos, dizia que ali estava um português inteiro e conforme a regra: emigrante em toda a parte, saudoso de tudo o que recordava.

in Domingo - Correio da Manhã - 26 Agosto 2012